Repositório CIP

OPPAE - Observatório de Prevenção Psicológica e Avaliação Escolar: Imigrantes e Refugiados

Respostas esperadas

Os resultados observados ao longo da investigação antes da validação dos instrumentos permitiu-nos reunir, por um lado, um corpus expectável de resultados especificamente no que se refere ao tipo de erros mais frequentes; por outro lado, um corpus de erros e de casos não expectáveis ou idiossincrasias determinadas pela nacionalidade. Ainda, se avançam pistas importantes para a avaliação das respostas, como ocorre no caso da tarefa de escrita.

Desvios lexicais e semânticos:

Na prova de nomeação escrita de imagens: uso de diminutivos na identificação da imagem; ou indicação de palavras do mesmo campo semântico: “ténis” ou “sapatilha” para ‘sapato’; ‘automóvel’ por “carro”; ‘papel de banho’ por “rolo de papel”; ‘cola’ por “guache”; ‘casa de banho’ por “sanita”; ‘futebol’ por “bola”; ‘moradia’ por “casa”; ‘parque’ por “baloiço”; ‘internet’ por “computador”. E aparição de vocábulos em Inglês;

Os alunos de nacionalidade chinesa usam consoantes líquidas para substituir as vibrantes (cadela, cadeira), os casos em que a adulteração de letras assume outro vocábulo é considerado erro. Outros casos de alteração de uma letra, desde que percetível que o aluno identificou, são considerados corretos.

– vários casos de hiperonímia.

(o uso de imagens tem de ser a cores, pois os lápis são comummente confundidos com ‘cortina’).

Especificidades

Na prova de analogia verbal: ‘livro’ por “histórias”; ‘céu’ por “ar”; ‘escola’ por “sala”; ‘dedo’ por “mão”. E dialetos bem presentes e que devem ser considerados corretos: pia em vez de sanita, afia e afiadeira, chapéu e guarda-chuva, ténis e sapatilha.

Na prova de relações lexicais: “povo” para indicar ‘pobre’. Os antónimos apresentam mais problema. Muitos diminutivos em vez de sinónimos.

Na prova das palavras cognatas, algumas escolhas seguem a similaridade lexical, ou seja, seguem as terminações similares entre palavras e não propriamente pelo critério do sentido (“despesa” e “empresa”, e não “despesa” e “gasto”).

Na prova de expressões idiomáticas: tradução literal predomina, mas o primeiro provérbio é o mais descodificado.

Na prova de audição dicótica: efetuam muitas conversões (gola, rusga, lenha, leite) e raramente acertam em palavras.

Na prova de leitura e reconto, alunos chineses registam palavras mais eruditas e palavras que não se encontram nos textos. Admitiu-se palavras com erro de número, apenas. Verifica-se que alguns sujeitos compuseram uma nova história misturando léxico dos 3 textos lidos e alterando, em alguns casos, as palavras como ‘observador’ em vez de “obcecado”.

Na prova de reconstrução fonémica, as vogais são quase completamente codificadas, mas raramente as consoantes sobretudo as fricativas (V). Várias vezes ‘dado’ em vez de “gato”, ‘kopo’ em vez de “copo”. Palavra completa e fonemas são registados na base de dados.

Na prova de extração, “espírito” é a palavra mais polivalente quanto à modificação morfológica. Os respondentes erram muito, mas conseguem frequentemente identificar a base lexical parcialmente correta (etimologia).

Na prova de escrita: na codificação de variáveis utilizou-se uma denominação com base nos indicadores do repositório ALBERTA.ca, sendo que se estipulou 4 níveis com equivalência aos níveis do QECR (não proficiente, elementar, satisfatório e proficiente), sendo que não considerámos que o nível proficiente fosse o mais verificado no conjunto somado de 6 dimensões. Nesta prova, os alunos apresentam textos frequentemente simples e sem erros, mas todos os critérios em avaliação explicam a diferença de níveis (exemplo: utilização de palavras descritivas, tempo verbal variado, conjunções …). Há 6 dimensões a serem consideradas para a avaliação da tarefa: 

  1. A primeira dimensão trata a análise do vocabulário utilizado (descritivo e utilitário, específico, académico);
  2. A segunda dimensão trata a gramática observando a variedade (se aplicável) de tempos verbais, a concordância verbal, os plurais, as preposições, os advérbios;
  3. A terceira dimensão analisa o tipo de construções frásicas (se simples com conjunções coordenadas como “e” e a temporal “quando ou “depois”; ou se redigem frases complexas e empregam conjunções ou locuções subordinadas com maior frequência);
  4. A quarta dimensão inspeciona as estratégias cognitivas na construção do texto a nível de maiúsculas, de pontuação, de escrita correta com base nas palavras familiares ou irregulares;
  5. A quinta dimensão observa a consciência face a registos de língua, mais ou menos familiares de acordo com a situação social. E o tipo de léxico denota aproximação emocional dos sujeitos, projetando nas imagens e na sua descrição aspetos de natureza familiar (nome da menina da imagem, pessoas envolvidas na sequência de eventos, emoções);
  6. A sexta dimensão trata a forma como as ideias e eventos são encadeados por conjunções e outros marcadores textuais.

– Exemplos de correção a descrever num corpus de instruções do teste:

– “churar” denota, a nível da avaliação da dimensão 4 (estratégia), erro decorrente da influência da oralidade.

– “depois do almoço, uma menina foi comprar um gelado como sobremesa …” – uso de maior número de “palavras utilitárias”.

– conjunções temporais são as mais evidentes (“depois”, “de repente”), mas quase raras as de tipo subordinado. Só coordenadas na maioria dos casos.

– a maior extensão de texto depende da imaginação lexical do aprendentes/examinandos e não traduz o seu domínio gramatical (falha recorrente, em textos longos, na concordância verbal e de número). O nome atribuído à menina do desenho foi quase sempre ‘Joana’.

– na dimensão 3 (sintaxe), há raros casos observados de ausência de qualquer proficiência noutros níveis, mas presença de conjunções para realizar a junção de eventos em frases, embora mal construídas e sem concordâncias corretas. Sem estratégia lexical ou frásica.

– a variação da idade pareceu não influenciar a extensão dos textos.

– a melhor proficiência não significa que seja mais desenvolto na extensão da escrita.

– quando o aluno escreve palavras na sua língua materna, na tarefa de escrita, considerar como palavra ausente (erro). Isto afetará a classificação na sintaxe e no discurso. Casos muito observados em locutores de línguas como espanhol (transferência/interferência).

Nesta tarefa é nosso intuito apresentar os resultados dos desempenhos, diferenciais perfis e providenciar as amostras de escrita para fundamentar e instruir sobre os perfis a serem estipulados (validados).

Na prova do RECONTO (a partir do texto ouvido em ficheiro áudio):

  • Não contabilizar artigos, preposições, auxiliares de verbos.
  • Ocorreu a recordação frequente de eventos com troca das personagens ou escrevendo o nome das personagens da história lida/ouvida na tarefa anterior (nem sempre imediatamente anterior).
  • É comum recordarem os dois eventos, mas não totalmente o nomes das personagens.
  • Resposta totalmente correta é indicação das 3 personagens, do primeiro e segundo evento, mesmo que não com as palavras todas do enunciado ouvido. Foram raras as respostas totalmente corretas.